segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CAMPANHA SEDE ADMINISTRATIVA DA "MINAS DO SUL"

O separatismo foi um fenômeno político ocorrido no Sul de Minas Gerais, dadas as condições históricas, econômicas e sociais da Região. Durante o século XIX, diversos projetos de criação de uma província Sul Mineira foram apresentados ao Senado Imperial, a destacar os de 1843, 1854, 1862, 1868, e 1884. Os representantes do Separatismo Sul Mineiro no Parlamento eram provenientes da cidade de Campanha, importante centro político e cultural da região.


  • Por seu gigantismo territorial e por sua organização política baseada nas desigualdades regionais de poder, Minas Gerais esteve sujeita a várias ameaças de separatismo ao longo de sua história. Dentre as regiões mineiras, o Sul manifestou tendências separatistas bastante acentuadas ao longo do século XIX.

Nesse contexto, a cidade da Campanha afirmou-se como importante localidade propagadora de idéias separatistas no Sul de Minas Gerais. Nela surgiram vários jornais e projetos parlamentares que tinham como aspiração comum o desmembramento do território sul-mineiro e a criação de uma nova unidade administrativa naquela região.

O surgimento e o desenvolvimento das idéias separatista na região decorrem de dois fatores básicos: o político e o econômico. Durante a primeira metade do século XIX, o Sul de Minas foi a principal região cafeeira e agroexportadora do Estado. Sua prosperidade econômica, todavia, não coincidia com sua pequena expressividade política nos níveis provincial e nacional, dado o número reduzido de deputados sul-mineiros na Assembléia Provincial e na Câmara dos Deputados na Corte. As idéias separatistas surgiram e se desenvolveram no Sul de Minas Gerais a partir de um enorme desnível entre os poderes econômico e político da região, dentro do contexto estadual.

Outro fator que não pode ser negligenciado na compreensão do separatismo sul-mineiro é o da condição geográfica. Por ser uma região limítrofe entre Minas Gerais e São Paulo, foi área de intenso trânsito comercial e alvo de várias disputas interregionais durante o século XVIII. O antigo interesse paulista pela região não se arrefeceu com o tempo, pelo contrário, ganhou força com a situação política desencadeada pelo movimento liberal de 1842. Isso porque, o movimento liberal havia incutido em alguns políticos conservadores o temor de que Minas Gerais viesse a se constituir em uma grande província central e que, com o seu enorme contingente populacional e a sua capacidade em mobilizar recursos nacionais viessem desestabilizar a ordem em outras regiões nacionais. Com a ascensão do Partido Conservador ao poder, a partir de meados da década de 1840, houve estímulo ao surgimento de propostas de desmembramento do extenso território de Minas Gerais.

Antes, porém, é necessário analisar a imprensa separatista sul-mineira, cujo representante de maior vulto foi o jornal "O MONITOR SUL MINEIRO". Dentre as formas de comunicação e o exercício do poder político, a imprensa é talvez aquela que exerça maior influência na sociedade, pois, nas palavras do escritor francês Victor Hugo, "o diâmetro da imprensa é o diâmetro da própria civilização".

Cumpre destacar que a imprensa Campanhense foi o principal agente divulgador da causa do separatismo. Em Campanha, foram impressos os principais jornais separatistas da região como "O OPINIÃO CAMPANHENSE", "NOVA PROVÍNCIA", e o "SUL DE MINAS", todos de propriedade de Bernardo Jacindo da Veiga e de Lourenço Xavier da Veiga. Esses dois irmãos, egressos do Rio de Janeiro, se estabeleceram na cidade de Campanha em 1818, como livreiros e jornalistas.

Em trabalho acerca de alguns grupos familiares que compuseram a elite regional sul-mineira, Marcos Ferreira de Andrade afirma que os homens da família Veiga foram figuras públicas e políticas que souberam se servir muito bem da palavra impressa para enaltecer as qualidades do Sul de Minas Gerais de maneira a justificar a independência administrativa desta região. De fato, as idéias separatistas aparecem com freqüência nas páginas dos jornais e almanaques publicados pelos irmãos Veiga e seus descendentes na cidade da Campanha ao longo do século XIX.

Em 1842, o deputado Dr. Evaristo da Veiga apresentou, sem êxito, o projeto de lei que dividia Minas Gerais em duas partes e criava uma nova província com denominação de "MINAS DO SUL". A esse projeto seguiram-se outros semelhantes, apresentados pelos deputados Américo Lobo Leite Pereira em 1843, e pelo Dr. Olimpio Oscar de Vilhena Valladão. Àquela época, a cidade da Campanha era importante localidade propagadora das idéias separatistas no Sul de Minas, além de protagonistas nos debates parlamentares acerca da separação. Eram de Campanha os três deputados anteriormente citados, cujos projetos tiveram os seus respectivos textos integrados aos anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão.

A cidade de Campanha foi escolhida como sede da nova Unidade Administrativa de "MINAS DO SUL". Como se isso não bastasse, era Campanha "um dos mais inexpugnáveis baluartes do Partido Conservador", o que lhe garantia posição privilegiada no contexto político do Segundo Reinado.

A 1º de janeiro de 1872, Bernardo Saturnino da Veiga, um dos filhos de Lourenço Xavier da Veiga, fundou o Monitor Sul Mineiro, jornal que conquistaria notoriedade na imprensa mineira por ser um dos mais importantes arautos do separatismo no Sul de Minas Gerais. Dele, Alfredo de Vilhena Valladão nos oferece uma descrição de contemporâneo: "Nas instrutivas, patrióticas e noticiosas colunas deste grande órgão, o Monitor Sul Mineiro, se defendiam as melhores causas e se derramavam úteis conhecimentos. E ainda questões políticas, que tanto apaixonadamente eram ali tratadas sempre com superioridade, dominando sempre o espírito de moderação de idéias e de linguagem, como programa estabelecido. [...] não seria preciso significar, os interesses locais da Athenas Sul Mineira, sobre os variados aspectos, culturais, morais e materiais, eram especial, brilhante e carinhosamente defendidos sempre em suas colunas, bem como o interesse de toda aquela região em geral".

Além das características acima elencadas, "há que se destacar a epígrafe daquele jornal: “LEMOS NO PRESENTE, SOLETRAMOS NO FUTURO". Nesta sentença está contido o ideal máximo do Monitor Sul Mineiro, bem como da imprensa oitocentista em geral, qual seja o registro de idéias que, por sua importância política e histórica, deveriam ser lembradas – e soletradas – no futuro, quando já não houvesse mais suporte de papel no qual lê-las - as idéias separatistas exemplificavam bem tal máxima"

O programa político do Monitor Sul Mineiro pautava-se pela promoção do progresso e da civilização – idéias tipicamente oitocentistas– no Sul de Minas Gerais". Na opinião dos seus redatores, a criação da nova província de Minas do Sul apresentava-se como um indiscutível pressuposto para o progresso da região, de vez que a emanciparia da administração centralizadora de Ouro Preto através da transferência do poder regional para a cidade da Campanha.

É importante, porém, ressalvar, que a orientação política do Monitor Sul Mineiro era conservadora e, por isso mesmo, contrária às propostas radicais de separação. Destarte, Minas do Sul deveria ser criada de forma gradual e de acordo com os princípios legais, em respeito ao "status quo imperial".

"A proposta legalista de separação apresentada pelo Monitor Sul Mineiro foi sendo relegada à proporção do desgaste do partido conservador bem como da ordem política por ele sustentada. Neste sentido, o ocaso do Império a difusão das idéias republicanas e federalistas deram ensejo ao surgimento de novas concepções de separação do Sul de Minas Gerais".

Com o advento da República no Brasil, na última década do século XIX, as rivalidades entre as regiões mineiras se aguçaram, de tal forma, que o governo de Minas Gerais se viu obrigado a adotar uma política de conciliação entre as diversas facções republicanas regionais. Entretanto, tal medida foi insuficiente para acalmar os ânimos exaltados dos republicanos sul-mineiros nem para dissipar as idéias de criação do novo estado de Minas do Sul.

Assim, a 31 de janeiro de 1892, eclodiu na cidade da Campanha o movimento separatista sul-mineiro. Sob a liderança de políticos locais, o movimento contou com o apoio de mais de uns poucos municípios circunvizinhos à cidade da Campanha, como São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações do Rio Verde e Cambuí (VALLADÃO, 1942, p. 360). Mesmo assim, a Junta Governativa instalada na cidade da Campanha, cuja figura de proa era o Dr. Martiniano da Silva Reis Brandão, engenheiro e membro do Partido Republicano Mineiro (PRM), deliberou oficialmente no Sul de Minas Gerais até meados de março de 1892, quando forças estaduais e federais puseram fim ao movimento.

Durante dois breves meses, o sonho da separação parecia haver se tornado realidade para seus idealizadores, como atestam as palavras do jornal Minas do Sul: "Minas do Sul existe enfim! Concretizou-se a perene aspiração de meio século, - nossa e de nossos maiores".

"Não há, no mais recôndito recanto do território d’aquém rio Grande, um coração que não pulse uníssono conosco, no contentamento pela realização do nosso sonho com, no entusiasmo pela previsão do esplêndido futuro que nos aguarda". (MINAS DO SUL, 19/02/1892, p.01)

Tarcisio Brandão de Vilhena
tb.vilhena@terra.com.br
tb.vilhena@yahoo.com
http://vilhenatbv.blogspot.com


Fontes consultadas:

Francisco de Paula Ferreira de Rezende - Minhas Recordações

Alfredo de Vilhena Valladão - Campanha da Princesa - vols I e II

  1. Pérola Maria Goldfeder e Castro - Pós graduada em Cultu

domingo, 16 de outubro de 2011

UMA NOVA ORDEM POLÍTICA

Se nos dedicarmos a observar atentamente, como o assunto merece, veríamos o mar de lama em que se converteu a vida pública brasileira. Escândalos seguidos de escândalos que nos deixam perplexos e sem motivo para sermos otimistas com a política do nosso país. Nela, existe um ranço patrimonialista, arbitrário e cínico que se mostra abertamente nos homens dos altos escalões, que se apresentam à nação envolvidos nos mais escabrosos casos de corrupção, nepotismo e descaso com a coisa pública. O que nos parece é que vivem uma espécie de delírio que os coloca em outro mundo. Os governantes e membros de escalões importantes falam como se vivessem em outro país. Não por acaso, muitos se referem a Brasília como sendo uma espécie de "Ilha da Fantasia", onde vive um povo distante do resto do mundo, alheios à realidade que o cerca.

Por outro lado, existem preocupações legitimas de políticos sérios que defendem recursos legais e disponíveis, como as CPIs (Comissão Parlamentares de Inquéritos), que fazem vir à tona a tortuosidade do sistema, cujos integrantes estão envolvidos nos mais complicados episódios, que vão do desvio de verbas públicas ao tráfego de influência.

Todavia, as CPIs têm também e, principalmente, função política, o que implica que a maioria delas, por isso mesmo, acaba não dando em nada. O problema em si não são os mecanismos de fiscalização que, diga-se de passagem, são distorcidos e desacreditados, mas sim o modelo vigente, caduco e esclerosado, onde se encontram enormes entraves à modernização. Por que tais entraves existem? Simplesmente, porque não tê-los significa alijar do poder muitos daqueles que lá se encontram há décadas, pessoas que representam o retrocesso político, sem nenhuma intenção de fazer reformas verdadeiras, porque sabem muito bem que os seus interesses seriam os primeiros a ser atingidos.

Se não bastassem os desmandos e a corrupção que devasta e arruína o Executivo e o Legislativo, o Judiciário, baluarte da República e que tem como função precípua garantir os direitos individuais, coletivos e sociais, também está envolvido no mesmo mar de lama, pois garante a impunidade dos corruptos e ainda exige aumento acima da inflação para seus servidores.

O relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicado no Jornal "VALOR", mostra as irregularidades cometidas pela magistratura, nas diferentes instâncias e braços especializados do Judiciário, que em nada difere do Executivo e do Legislativo em matéria de apropriação indébita e malversação do dinheiro público, mordomia, nepotismo e fisiologismo. O CNJ constatou, ainda, centenas de caso de desvio de conduta, fraude e estelionato, tais como, negociações de sentenças, venda de liminares, manipulação na distribuição de processos, grilagem de terras, favorecimento na liberação de precatórios e contratos ilegais.

Pesquisa feita pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas revela que 70% da população Brasileira considera o Judiciário Brasileiro moroso, caro e não confiável, em termos de honestidade e imparcialidade.

Para os advogados, a OAB é mais confiável do que o Judiciário e o Ministério Público, é o que diz uma pesquisa divulgada pelo Instituto Mauricio de Nassau e encaminhada ao blog "Acerto de Conta", pelo coordenador da pesquisa, Adriano Oliveira. Observa-se, por ela, que essas instituições estão completamente à margem do que pensa a sociedade e conclui afirmando ser difícil encontrar um cidadão comum que acredita na justiça.

Quando se proclama que o maior problema do país é o Poder Judiciário, em função da impunidade que garante aos poderosos, não ha menor exagero nessa afirmação. O único dano que sofrem os ladrões dos recursos públicos é o de ordem moral. Ficam difamados e perdem a dignidade. Mas e daí? Nunca foram dignos mesmo. Estão pouco ligando.

Com a incomensurável brandura e conivência do Poder Judiciário, os maiores escândalos da história recente do Brasil se arrastam até hoje nos tribunais, sem que os principais acusados tenham sido julgados em última instância pela sangria dos cofres públicos.

Um levantamento da Folha de São Paulo mostra que dez casos entre os mais rumorosos do país nas últimas décadas seguem à espera de um veredito final. O escândalo mais antigo da lista é o que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor, no final de 1992. Dezenove anos depois, as denúncias são alvo de uma ação em andamento. O processo contra seis acusados de extorsão e formação de quadrilha corre na Justiça Federal desde 1988. Até a semana passada, o Juiz não tinha dado a sentença. Collor perdeu o cargo, mas foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal por falta de provas e hoje é senador pelo PTB de Alagoas.

O deputado Paulo Maluf (PP-SP), que assumiu a Prefeitura de São Paulo no ano de 1992, é procurado pela Interpol, não pode viajar ao exterior para não ser preso, mas nunca foi condenado definitivamente no Brasil por fraudes em sua gestão. Esteve preso apenas durante alguns dias, junto com o filho Flávio. E hoje vive momentos de tranqüilidade, livre, leve e solto.

A morosidade da Justiça impede o fim de casos como o dos Anões do Orçamento, que envolve até a Diretoria de Loteria da Caixa Econômica Federal, que fazia lavagem de dinheiro para o então ex-deputado João Alves. Os acusados de desvio no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e na SUDAM, Luiz Estevão e Jader Barbalho, deixaram o Senado, chegaram a ser presos. Hoje, Jader se prepara para voltar ao Congresso, logo que seu processo entre em julgamento no Supremo, que já firmou jurisprudência contra a eficácia da Lei da Ficha Limpa nas eleições do ano passado. Os crimes do mensalão podem perder a validade. Passados quatro anos do recebimento da denúncia contra 40 suspeitos de envolvimento no mensalão, o crime de formação de quadrilha, espinha dorsal da denúncia, pode prescrever na próxima semana. Para que este crime não saia impune, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) terão de aplicar penas para os acusados pelo crime de quadrilha superiores a dois anos. Se a pena não ultrapassar dois anos, os acusados estarão livres.

Em seu Portal, o jornalista Luiz Nassif escreveu, em uma espécie de desabafo: "Muitos se dizem aviltados com a corrupção e a baixeza de nossos políticos. Eu não. Eles são apenas o espelho do povo brasileiro: um povo preguiçoso, malandro, e que idolatra os safados. É povo brasileiro que me avilta!”

José Nêumane, no livro "O QUE SEI DE LULA" diz a mesma coisa com relação ao povo brasileiro: "Não é difícil entender porque os eleitores brasileiros aceitam o LULA e a quadrilha do PT como seus lideres. A maioria das pessoas deste país faria as mesmas coisas que os larápios oficiais: mentiriam, roubariam, corromperiam e até matariam. Tudo pela sua conveniência."

Se de fato essa visão do povo brasileiro é verdadeira, a culpa de é de nossos governantes que sempre relegaram a EDUCAÇÃO a um plano inferior.

Atualmente, considera-se a educação um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação. É através da produção de conhecimento que um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Cingapura e Coréia do Sul são dois países que investiram pesado em Educação e, hoje, servem de exemplos ao mundo. Embora o BRASIL tenha avançado neste campo nas últimas décadas, ainda há muito para ser feito. A escola (Ensino Fundamental e Médio) ou a universidade tornaram-se locais de grande importância para ascensão social e muitas famílias têm investido neste setor. Porém, a porcentagem dedicada à educação no quadro de despesas da União caiu de 2,88% em 2003 - no início do governo petista - para 2,67% em 2004 e em 2005 e para 2,44% em 2006, voltando em 2007 ao mesmo patamar que ocupava no início do governo com 2,87%.
A conclusão é da publicação "Financiamento da Educação no Governo Lula", elaborada pela Campanha Nacional pelo Direito da Educação.

Mesmo a Educação no Brasil estando muito aquém do que deveria estar, há uma grande parcela da sociedade, muito significativa mesmo, contrária a esse estado de coisas que vivenciamos em nosso país.

No dia 7 de setembro ultimo, enquanto lá em Brasília todo o governo estava presente ao desfile militar comemorativo ao dia da independência, na mesma capital federal, como também em outras cidades do país, milhares de pessoas saíram às ruas para protestarem contra a corrupção nas várias esferas da administração pública e que nesse governo da Presidente Dilma assumiu proporções nunca antes vistas em nosso país. Foi um movimento espontâneo, coisa do povo mesmo, sem a participação do chamados grupos sociais, como a UNE, a CUT e o MST, que sempre dominaram as ruas, mas que nesse dia preferiram insistir no seu estranho processo a favor do chamado "grito dos excluídos", que na verdade são os "incluídos da ordem petista". Os milhares que saíram às ruas, com raras exceções, não têm partidos, não pertencem a grupos, não reconhecem um líder, não seguem manada, não se comportam como bando e não empunham bandeiras vermelhas.

Os milhares que saíram às ruas estudam, trabalham, pagam impostos, têm sonhos e querem um país melhor, estão enfarados da roubalheira, repudiam a ignorância, a pilantragem, lutam por uma vida melhor e sabem que a verdadeira conquista é que se da pelo o esforço.

Os milhares que saíram às ruas não agüentam mais o conchavo, têm asco dos vigaristas que tomaram de assalto o país e não acreditam mais na propaganda oficial, repudiam a política como o exercício da mentira, chamam de farsantes os que, em nome do combate à pobreza, pilham o país, dedicam-se a negociatas, metem-se em maquinações políticas distantes do interesse público.

Os políticos não apareceram, não tomaram parte nas manifestações, ainda não se deram conta de que "alguma coisa está em gestação, de que um movimento está em curso, de que algo se move no ventre da sociedade brasileira".

Os milhares que saíram às ruas no dia sete de setembro, tratados com desdém pelos telejornais, fizeram a maior manifestação contra o regime petista em seus nove anos de duração.

Observa-se que existe uma tentativa de desqualificação pela mídia, ao fazerem pouco caso dos sem-partido, do povo.

Mas é inútil! Ao julgar pelo que houve em Brasília e em outras cidades, os sem-partido continuarão insistindo.

A oposição, se quiser, que se junte a eles. Quem sabe até ela aprenda a ser livre e assume atitudes claras, bem definidas. Quem sabe, até mesmo, ela passe a integrar o movimento para a adoção do voto distrital no país, única maneira viável da nação ficar livre desses dinossauros do poder, que se constituem em um enorme entrave ao progresso e representam um passado do qual precisamos nos livrar.
Tarcísio Brandão de Vilhena

A SATA CASA DE MISERICÓRDIA DE CAMPANHA

As Santas Casas de Misericórdia surgiram em Portugal no final do século XV. Em 1498, a rainha de Portugal, Dona Leonor, a pedido e seu confessor, frei Miguel de Contrias, fundou a primeira Santa Casa, que nasceu com um principio próprio, revestido, e uma profunda ação solidária e caridade cristã.

O objetivo principal de sua criação seria prestar assistência médica às pessoas mais necessitadas, daí a razão do nome "Misericórdia", para significar piedade, compaixão e sentimento despertados pela infelicidade de outrem. Esse princípio permanece até aos dias de hoje.

Com efeito, onde houver uma "Santa Casa", a sua preocupação maior é prestar assistência médico-hospitalar a quem dela precisar, dando especial atenção, gratuitamente, aos realmente necessitados.

Tendo o Brasil sido descoberto e colonizado por Portugal, para aqui também se trasladou essa preocupação de se assistir os carentes, fundando-se, então, em Olinda, em 1539, e em Santos, em 1541, as primeiras "Santas Casas" que, com o transcorrer dos anos, se disseminaram por todo o país.

Assim, foram fundadas respectivamente, Salvador, em 1549, Vitória, em 1551, Rio de Janeiro, em 1567, São Paulo, em 1599. Em Minas Gerais, a primeira "Santa Casa" foi a de Ouro Preto, em 1730, posteriormente, São João Del Rei, em 1783 e a de Sabará, em 1812.

A Santa Casa de Campanha é 4ª de Minas Gerais. As providências iniciais para a sua construção datam do ano de 1831, quando o ilustre Campanhense, Senador do Império, José Bento Ferreira de Mello, se propôs a desenvolver e apoiar esse significativo e extraordinário projeto.

Foi criada uma comissão composta pelos senhores Manoel Inácio Gomes Valadão, Presidente, Padre Bento José Labre, Secretário, Manoel Luiz de Souza, Gaspar José de Paiva, Padre João Damasceno Teixeira, com objetivo de angariar doações e recursos em favor do grandioso empreendimento, de tão alta significação social e caritativa, que requer muita dedicação, grande espírito público e penoso trabalho, qualidades que nunca faltaram aos Campanhenses no decorrer de muitos anos em que estiveram empenhados na sua realização em benefício da comunidade local.

Aos 7 de abril de 1834, realizou-se uma reunião sob a presidência do Cirurgião e Comendador, Inácio Gomes Mindões, Presidente, Padre João Damasceno, Secretário, Manoel Luiz de Souza, Tesoureiro, Sargento Mor, João Rodrigues de Macedo e o diretor de obras nomeado pela Câmara Municipal, Bernardo Jacinto da Veiga, em que foram tomadas as providências necessárias ao início das obras. Essa comissão, no ano seguinte, dava conhecimento à Câmara Municipal que a base do Edifício já se achava com as pedras devidamente assentadas.

Em 31 de outubro de 1836, foi eleita a primeira mesa diretora, composta dos seguintes membros:

§ Provedor, Dr. Tristão Antonio de Alvarenga

§ Secretário, Comendador Francisco de Paula Ferreira Lopes

§ Tesoureiro, João Rodrigues de Macedo

§ Mordomos, Antonio Luiz de Souza

§ Cândido Bueno da Costa

§ Padre Flávio de Morais Salgado

§ Domingos Ferreira Lopes

§ Miguel Ferreira Vitorino

§ Domingos de Oliveira Carvalho

§ João Crisóstmo das Chagas

§ José Vicente Valladão

§ Bernardo Jacinto da Veiga

Não obstante as contribuições e os donativos de várias naturezas, as obras da Santa Casa, dadas as suas vastas proporções e as dificuldades sempre crescentes, levando-se em conta as precariedades desses recursos, prosseguiram em ritmo lento e demorado, apesar do esforço e do apoio de toda a comunidade Campanhense.

Por volta do ano de 1841, Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena assume a frente das obras e, às suas expensas, secundado por João Rodrigues de Macedo na administração das obras e o apoio de outros beneméritos, conseguem, finalmente, que em 1851 estivesse totalmente concluída essa extraordinária obra.

Nesse mesmo ano, Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena abre as portas da Santa Casa à população Campanhense, dando por inaugurada essa extraordinária obra, orgulho do povo Campanhense que, ao longo de sua gloriosa existência, ha 161 anos vem prestando inestimáveis serviços a toda comunidade Campanhense, sem fugir de seu objetivo maior, o de prestar assistência médica e hospitalar aos mais necessitados.

Foi então eleita a nova mesa que ficou assim constituída:

§ Provedor, Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena

§ Secretário, Comendador Francisco de Paula Ferreira Lopes

§ Tesoureiro, João Rodrigues de Macedo

§ Conselheiros:

o Dr. Antonio Dias Ferraz da Luz

o Antonio Carlos Pereira

o Domingos Ferreira Lopes

o João Jacome São José de Araujo

o Antonio José de Melo Trant

Damos abaixo a relação dos PROVEDORES dessa Instituição, desde a sua inauguração até os dias de hoje, como uma homenagem a essas devotadas e beneméritas pessoas que, ao longo desses 161 anos de existência dessa gloriosa Casa, que, com grande empenho e espírito de sacrifício, deram a sua contribuição para o engrandecimento e conservação dessa SANTA CASA:

§ Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena, de 1841 a 1886 - ano do seu falecimento

§ Cônego José Theofilo Moinhos de Vilhena, de 1886 a 1899 (filho do Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena)

§ Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, de 1900 a 1926 - ano do seu falecimento (filho do Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena)

§ Cônego Hugo Bressa Bressane de Araújo, de 1926 a 1929

§ Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena, de 1930 a 1981 - ano do seu falecimento

§ Serafim Paiva de Vilhena Júnior, de 1981 a 1982

§ João Fonseca, de 1982 a 1984

§ Irmão Paulo, de 1984 a 2001

§ Dr. Luiz Paulo Brandão de Vilhena, de 2001 a 2006 (filho do Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena)

§ Hudson Fonseca, de 2006 a 2009

§ Roberto Ximenes de Souza (atual provedor)

Uma palavra de louvor e exaltação a essas abnegadas e caritativas FILHAS DA CARIDADE DE SÃO VICENTE DE PAULO .

Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, Servas dos Pobres ou ainda Filhas da Caridade, Irmãs de São Vicente de Paulo, Irmãs de Caridade ou simplesmente Vicentinas. É uma congregação religiosa católica, de vida apostólica e comunitária, fundada em1633 por Vicente de Paulo (1581-1660) e Luísa de Marillac (1591-1660).

É a primeira congregação religiosa feminina católica a ter vida apostólica, até então só se permitia a vida claustral para as monjas católicas. O carisma fundamental das Filhas da Caridade é o serviço aos pobres: nos hospitais, nas escolas, nas paróquias, nos campos de batalha, aos doentes mentais, às crianças empobrecidas e abandonadas, às mulheres marginalizadas, às pessoas idosas, aos aidéticos e outros.

A Companhia está presente e atuante nos 5 Continentes, organizada em 79 Províncias e Regiões. Possui mais de 2.424 casas, somando um contingente de mais de 21000 religiosas

A companhia das irmãs de caridade foi uma das primeiras associações a realizar cuidados de enfermagem em domicílios, reorganizar hospitais, implantando a higiene no ambiente e individualizando os leitos dos enfermos, dirigindo todos os cuidados desenvolvidos no hospital. Elas colocaram em pratica o cuidar, preconizadas por Florence Nightingale. No Brasil as primeiras irmãs VICENTINAS chegaram em 1849, a pedido do Bispo de Mariana (MG) D. Antonio Ferreira Viçoso. E mais tarde vieram as irmãs de caridade para Santa Casa do Rio de Janeiro a pedido de D. Pedro II.

As irmãs Vicentinas vieram para Campanha no ano de 1904, a pedido do saudoso e inesquecível Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, para prestarem as suas valiosas e eficiente colaboração na direção da Casa, com o apoio e admiração da cidade, alcançando as maiores glorias pelos relevantes serviços prestados à comunidade carente. Permaneceram na administração da Casa até o ano de 2.000, quando deixaram Campanha.

Outros Campanhenses ilustres, que ao longo do Tempo, se dedicaram com grande empenho e espírito de sacrifício para o engrandecimento e conservação dessa vetusta Casa, na sua trajetória de benemerência, que ultrapassou mais de um século até nossos dias. Dentre eles estão:

José Luiz Cardoso de Sales, Barão de Irapuã, Dr. Agostinho Marques Perdigão Malheiros, Cônego Antonio Felipe de Araujo, Capitão Cândido Inácio Ferreira Lopes, José de Souza Lima, Comendador Bernardo Saturnino da Veiga, Capitão Justino Xavier Melo Lisboa, Capitão Eulálio da Veiga Ferreira Lopes, Dr. Francisco Honório Ferreira Brandão, Dr. José Braz Cesarino, Coronel Zoroastro de Oliveira, Dr. Jeferson de Oliveira, Dr. Joaquim Leonel de Rezende Filho, Dr. Vivalde José de Melo, Dr, Manoel Alves Valadão, clinico, José Carnevalli, João Nani, José Casadei, Monsenhor José do Patrocínio Lefort, dedicado Capelão, ha vários anos prestando assistência religiosa aos internos.

Devo destacar aqui o nome do grande médico cirurgião e político de grande prestigio no Rio de Janeiro, o Dr. Pedro Ernesto Batista, que perseguido pela ditadura Vargas e acusado de subversivo, foi preso aos 4 de abril de 1936 e, depois, confinado na Campanha, a seu pedido. Durante a sua longa estada na cidade só teve uma preocupação: trabalhar e ser útil e, assim, diariamente de manhã à noite, passava os seus dias exercendo os seus serviços profissionais, notadamente, a cirurgia, na Santa Casa, sem nada cobrar para si próprio, mas sim para instituição, para os que podiam pagar e de graça para os que não dispunham de recursos, ajudado nessa nobilitante missão pelo o ilustre médico Campanhense, Dr. Zoroastro de Oliveira Filho.

Para os Gregos da Grécia antiga, a mais dolorosa das experiências é o esquecimento: irmão da morte e do sono. Mencionavam o esquecimento como a verdadeira morte; eles o tinham como o portador do silêncio, da indiferença e da obscuridade. Para que o nome de homens de bem, empreendedores, caritativos, portadores de uma jornada edificante, não morressem e que todos soubessem das virtudes desses homens - eles criaram um gênero de discurso: o elogio. O Elogio diz da arte de mostrar, de ostentar publicamente a grandeza de uma maneira de ser. O elogio tem, portanto, a particularidade de ser um gênero ético já que ele se atribui como tarefa dizer da excelência do valor. O elogio se baseia no julgamento de um valor. Pode propagar, reforçar, injetar, modificar ou até mesmo criar um valor; mas o valor só é verdadeiro quando enraizado na linguagem comum da comunidade, que a palavra circule e os as pessoas compartilhem da evidência desse valor. São, portanto, valores profundamente vinculados à vida ativa da comunidade e, por essa razão, as pessoas a quem se elogia, são sempre aquelas que se dispuseram a fazer com excelência, manuseando seus talentos e habilidades, atos que contribuíram para realização plena de suas potencialidades, que alimentam em cada um de nos a disposição de preservar aquilo que eles construíram.

Por esse motivo merecem o elogio de toda comunidade Campanhense todos aqueles que desde o primeiro momento até os dias atuais, estiveram ou estão envolvidos com a edificação e com a preservação desse magnífico projeto que é a SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CAMPANHA.

Todavia, merecem uma referência especial o DR. SERAFIM MARIA PAIVA DE VILHENA, Provedor e o DR. ZOROASTRO DE OLIVEIRA FILHO, diretor clinico, que por mais de meio século exerceram e honraram com competência, zelo e solidariedade, aquilo que lhes fora confiado em favor dos necessitados e dos enfermos numa jornada edificante de solidariedade e espírito de caridade cristã.

Nos dias atuais foi necessário que mudasse a forma de gestão e adequasse a administração da Casa aos dias de hoje, considerando que essas instituições sempre foram e continuam sendo o parceiro do Governo, como o seu braço forte e a um custo insignificante, na luta constante de preservação da saúde do brasileiro, que, como consta em nossa constituição: a saúde "é direito de todos e dever do Estado"

A Santa Casa de Campanha, a exemplo das demais, sobrevive e se desenvolve graças à fibra e força de vontade das pessoas que a dirige, sempre labutando para suprir-se de recursos financeiros que possibilitem seu crescimento e o engrandecimento. Modesta no início de sua vida, acompanhou, com sacrifício e dentro de suas possibilidades, o crescimento material e o sucesso tecnológico da atualidade.

É do conhecimento geral que, atualmente, a saúde no Brasil é por demais cara, tendo um elevado custo, e o que mais a sobrecarrega é o descaso de nossos governantes com a saúde em nosso País. Soma-se a isso a carga salarial e o elevado preço de materiais e medicamentos, que aumentam constantemente e também a aquisição de aparelhos necessários aos exames que se exigem para que o diagnóstico seja o mais completo e exato possível.

Hoje, de modesta e simples "Casa de Saúde" que foi no passado a Santa Casa de Campanha, para poder acompanhar o progresso e não ficar parada no tempo e no espaço, tornou-se forçosamente uma empresa e, como tal, tem de ser assim administrada e dirigida, sob pena de sucumbir.

Segundo o Sr. Roberto Ximenes, o atual Provedor da Santa Casa e que, a bem da verdade, vem fazendo extraordinário trabalho e com denotado esforço e desprendimento, realizando obras de modernização dessa vetusta edificação, afirma que toda entidade conveniada com o SUS, tem de esforçar-se ao máximo para manter com dignidade e eficiência o atendimento médico-hospitalar direcionado aos seus usuários, que representam no mínimo 60% (sessenta por cento) da assistência prestada, indistintamente. Isso devido aos valores que lhe são repassados pelo SUS, que sequer cobrem os custos dos procedimentos efetuados, representando apenas 30% (trinta por cento) de sua receita bruta, obrigando a instituição a complementar com recursos próprios, advindos de receitas alternativas, o restante de 70% (setenta por cento) para a realização da assistência hospitalar aos usuários do SUS.

Necessária e obrigatoriamente, nos dias atuais, que a entidade hospitalar, de Misericórdia, tem de manter receitas alternativas para que possa sobreviver. Esses recursos decorrem de convênios mantidos com instituições privadas e também de planos de saúde, inclusive os planos próprios, pois, se a única fonte provier do SUS não terá condições de continuar a sua marcha gloriosa, iniciada, há mais de cem anos, quando a situação era bem diferente e bem menos exigente das condições atuais.

O plano de saúde próprio constitui um suporte preponderante para a vida econômico-financeira da Santa Casa, sendo, mesmo, um pilar-mestre de sustentação de suas atividades, para que possa continuar desempenhando suas atividades, voltada unicamente à saúde pública, merecendo mesmo, neste particular, o apoio da sociedade e da comunidade.

Há necessidade premente que o Governo reveja os valores de sua tabela e que ela, se não deixar margem às Santas Casas, entidades eminentemente filantrópicas, pelo menos cubra efetivamente o custo despendido pelos procedimentos efetuados, que é uma despesa exagerada, difícil de ser suportada se não houver outros recursos.

Se efetivar-se essa revisão, dentro dos parâmetros necessários e exigíveis, isso já seria uma vantagem, um socorro excelente, notadamente para que, juntamente com as receitas alternativas, consiga manter a assistência médico-hospitalar que propicia e que também possa, mesmo que, modestamente, melhor aparelhar-se como se exige hoje. O que se acena é de premente necessidade, pois, se perdurar a atual situação, poderão ser sombrias as perspectivas que se prenunciam e a sobrevivência das Santas Casas se mostra desanimadora. Como enfrentar esse grave problema?

Há de se considerar que as pessoas que se predispõem a integrar a diretoria da Santa Casa estejam dispostas corajosamente a enfrentar todo tipo de dificuldade e que jamais desanimem de seu ideal cristão de solidariedade e fraternidade, visando sempre o bem estar da saúde das pessoas, não esquecendo jamais das mais carentes para as quais essa entidade foi criada e que possa sobreviver.


A CIDADE DE CAMPANHA NOS ANOS
DE 1.930 A 1932


SERAFIM MARIA PAIVA DE VILHENA


"Para que não se possa abusar do poder,
é preciso que o poder controle o poder"
Montesquie

" Se quizer por a prova o caráter de um
homem, dê-lhe poder".
Abraham Linconln

"Arrazam-se as bastilhas, mas da con-
vulsão social surgem tipos anormais -
que tomados da vertigem do poder, -
se entregam às mais atrozes persigui-
ções".
Waldemar Veiga de Oliveira


Foram anos de grandes movimentações politicas em todo Pais, provocada por dois movimentos armados: a revolução de de 1930 que pôs fim a chamada "República Velha", com a deposição do presidente Washington Luiz, e a revolução de 1932, chamada de "Revolução Constitucionalista", deflagrada pelo estado de São Paulo, contra o governo provisório de Getúlio Vargas.
Evidentemente esses movimentos refletiram na vida politica do país e, por consequencia, nos estados e municipios. Existia em Canpanha nessa época duas agremiações políticas- partidárias, conhecidas como "Açucar" e "Rapadura" (era comum, nessa época, apelidos para as agremiações politicas)

O Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena, desde 1.918 passou a integrar - eleito pela a legenda dos "Açucar"- a Câmara Municipal de Camapanha sucessivamente como vereador, presidente da Câmara e Agente Executivo. Neste último munus público, equivalente a prefeito, hoje, teve atuação destacada no movimento revolucionário de 1930, podendo ainda assegurar ambiente tranquilo a comunidade Campanhense, evitando o terror e o êxodo da população.
Simpatizante de Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, ex-Presidente do estado de Minas, principal articulador e organizador da "Aliança Liberal" e um dos lideres da revolução de 1.930 que, ja em 1.929, em dicurso proferido dizia: "Façamos a revolução pelo voto antes que o povo a faça pelas as armas". Serafim, empolgado com as idéias progressista de Antonio Carlos, passa integrar a nova agremiaçao politica, a "Aliança Liberal" O vereador José Messias Dias, lider dos "Rapadura", que tambem se postou ao lado dos revolucionários, cuja única atuação revolucionária foi dinamitar a ponte sobre o rio Palmela, na suposição de que os Paulistas, aliados do governo federal, pudessem entrar na cidade, o que nunca aconteceu - foi nomeado prefeito da cidade de Campanha, pelo então governardor revoluciónário, recem eleito, Olegário Maciel.
A atuação de José Messias a frente da prefeitura de Camapnha foi a mais desastrosa possível. Uma comunidade acostumada a lidernaça de homens de raizes tradicionais, austeros e invulgares, verdadeiros paradígmas de um povo que os admirava e os respeitava como lideres autenticos, passou a impor o cotidiano do despotismo, da arbitrariedade, do desprepararo e do desatino daqueles, que um dia, julgaram-se capazes de conduzir o destino de uma comunidade ordeira e pacifica, como era a população Campanhense. Incontestavelmente jogou o histórico município da Campanha às trevas medievais. Rememorou em sua gestão os terríveis tempos de “Roma Restricta” .
. O seu desiderato terrorista atinge o limite da irresponsabilidade e do desatino, quando ordena o que ficou conhecido como a "noite do terror". Numa tentativa de subjugar pela força e amendrontar os opositores e a população - o prefeito e seus capangas, mais o destacamento policial local, promovem um tiroteio por toda a cidade, ocupando as ruas principais, atirando indiscriminadamente nas casas e em locais públicos. Felizmente não houve mortes, muito embora, tinha-se evidente o assasinato de lideres e opositores ao regime local, como a de Serafim de Vilhena e o Sr. Digo Almeida que não era politico, mas que reagiu ao tiroteio em defesa da população e por pouco não teve toda a família assassinada.
Homem determinado, destemido e com uma liderança sempre voltada para o bem da coletividade, Serafim se insurge contra a administração e a tirania de José Messias, em defesa de uma sociedade vitima da crueldade,do autoritarismo e do abuso de autoridade. Promove o enfretamento com destemor e com a firmeza própria daqueles que lutam contra a tirania de uma minoria perniciosa, com a única arma com que dispõem: "a força moral"
E o fez com a galhardia de homem de principios inquebrantáveis. Viajou para capital do Estado - as suas expensas - e la permanecendo por cerca de 40 dias,com objetivo explicito de destituir, por meios legais, o atual chefe do executivo municipal da cidade de Campanha . Seu único objetivo era re-instaurar a ordem e dar alforria ao povo Camanhense.
Não à toa o ex-Presidente Tancredo afirmava que o maior compromisso de Minas é com a liberdade. A liberdade está incrustada nas raízes do mineiro e não é por acaso que se destaca em seu Pavilhão. Minas é terra da Incofidência.
Imbuído deste propósito é que Serafim se mostra firme e convicente perante ao governador do Estado, Olegário.Maciel, sobre a necessidade imperiosa de destituir o prefeito e assegurar ao municipio e a comunidade Campanhense, a paz e a tranquilidade tão almejada por toda população que, por circunstâncias inexplicáveis, se vê diante do arbitrio, do terror e do despotismo.
Serafim sempre exerceu uma liderança voltada para o bem público, a par de uma conduta exemplar, firmeza de vontade, atributos esses que foram decisivos ao seu proposito, não dando ao governardor outra alternativa, senão a destituição de José Messias. Graças a essa atuação descomprometida com o interesse pessoal, a paz e a tranqilidade e principalmente a liberdade são restaraudas e devolvidas à comunidade Campanhense.
Deposto José Messias, ato contínuo, o governador nomeia o EngenheiroAntonio Manuel de Oliveira Lisboa, prefeito de Campanha, que governou a cidade de l6/06/1.932 a 11/01/1.936.
O Dr. Lisboa, como era conhecido, não era Camapanhense, morava em Belo Horizonte, onde exercia um cargo público. A sua nomeação para prefeito de Camapanha constituiu mais uma demonstração da liderança de Serafim sempre voltada para o interesse da comunidade. Foi essa a conduta que sempre norteou a sua vida pública: nada pretendeu em benificio próprio Perguntado pelo governardor: o senhor quer que eu destitua o José Messias e nomeia o senhor Prefeito de Camapanha? O que prontamente Serafim responde: não, não quero, o que postulo de V. Excia. é a destituição do prefeito atual e a nomeação de um cidadão honrado, estranho à cidade, capacitado, de sua confiança e capaz de pacificar a cidade e restaurar a ordem e tranquilidade. É o que a Campanha precisa.
Ao desembarcar em Campanha de regresso de Belo horizonte, na noite de 9 de junho de 1.932, apos destituir José Messias, Serafim viveu uma das maiores emoções - senão a maior - de sua vida pública. Ali estavam na estação ferroviária da cidade, ocupando toda a plataforma e a s ruas próximas, toda a população Camapnhense, pessoas de todas as classes sociais estavam ali presentes, desde os mais simples aos de maiores representatividade, foi uma verdadeira consagração pública. Apos ser saudado e cunprimentado por todos, a multidão o acompanhou até a sua residencia, onde sua esosa e filhos o esperavam.

Serafim Maria Paiva de Vilhena, foi um homem de firmeza de caráter e, em toda a sua existência teve, como caracteristica, o propósito de continuar a ser aquilo que é, com suas opiniões e o seu procedimento. Com grande força de atençao e firmeza de vontade, não se resvestiu das coisas que o rodeavam e nunca mudou de sentimentos conforme ocasiões.
Sempre soube o que fazia e porque fazia, não se deixava seduzir pela popularidade, renegando a própria consciência O que nobremente sentia, virilmente sustentava e fortemente esperava, com elevação de pensamentos, clareza de objetivos e franqueza de seus atos.

Tarcísio Brandão de Vilhen
tb.vilhena@yahoo.com
http://vilhenatbv.blogspot.com